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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Uma mulher moderna...

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Fridamania, o que é isso? 

Por Rosane Rodrigues*

Não gostava dos rótulos que tentavam impor
Não gostava dos rótulos que tentavam impor















Por Rosane Rodrigues*

Há alguns dias, minha sobrinha de 12 anos me perguntou: "Quem é Frida?" A pergunta com um misto de curiosidade e espanto foi depois que ela viu várias mulheres com fantasias e cabelo ao estilo Frida em um bloco de Carnaval. Responder a isso não é tão simples assim. No Carnaval, nas peças de teatro, nas livrarias, nas exposições, o rosto, o carisma e a força de Frida Khalo estão por toda à parte. 

Estamos na Era da Fridamania e chamar assim não é exagero. Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ou simplesmente Frida Khalo, nasceu em 1907 na cidade de Coyoacán no México e foi uma das artistas plásticas mais importantes do mundo. Pintora, escultura, feminista, comunista, bissexual, o furação Frida foi uma mulher à frente de seu tempo. A mexicana, ícone das tintas, foi uma das responsáveis pela "Geleia Geral" nas artes plásticas ao criar um estilo único, inovador, diferente de pintar no século XX. 

A vida de Frida não teve nada de cor de rosa ou tons pastéis. O bullying sofrido na infância por causa de uma deformidade no pé direito causada pela poliomielite (na escola ela era chamada de Frida pata de palo, em tradução livre, seria Frida perna de pau) e um terrível acidente de trem quando tinha 18 anos foram eventos dramáticos que ajudaram a compor a personalidade única da mexicana. A historiadora Hayden Herrera, autora do livro Frida - a biografia (Globo Livros, 2011), afirmou que Frida fez da dor uma oportunidade e que ela começou a pintar quando ainda se recuperava de uma das 35 cirurgias que teve de fazer após o acidente. A espontaneidade das obras fez com que Frida fosse considerada uma pintora Surrealista por um dos mestres do movimento artístico e cultural que surgiu na França, o pintor catalão Salvador Dalí, mas o rótulo foi rejeitado pela mexicana. 

Arte da pintura surge com o acidente
Arte da pintura surge com o acidente  





"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade". Frida Kahlo 





O Hospital, de Henry Ford
O Hospital, de Henry Ford  






Nas obras, os autorretratos são o caminho para tentar desvendar a mente inquieta da artista. Em muitas telas, o rosto de Frida aparece com uma expressão fria, distante e quase como uma espectadora da realidade. Um dos seus quadros mais famosos é o "O Hospital Henry Ford" de 1932. O nome é uma referência a um centro médico nos Estados Unidos onde ela sofreu um dos vários abortos espontâneos que teve. O desenho de uma mulher nua, ensanguentada e um bebê refletem a dor e a desilusão de Frida por não conseguir ser mãe. No acidente com o trem, o útero da artista foi perfurado e ela usou a pintura para mostrar a angústia da infertilidade.


Frida sonhava em ser médica, mas a paixão pela pintura e a política falou mais alto. A artista viveu em um dos momentos mais marcantes da história do México: A Revolução Mexicana. 

Frida ao lado de um dos pais da Revolução Russa, Leon Trotsky
Frida ao lado de um dos pais da Revolução Russa, Leon Trotsky  






















Em 1928, Frida entrou para o Partido Comunista e foi lá entre os debates sobre O Capital que conheceu o futuro marido, o muralista Diego Rivera. O relacionamento e o constante fim e recomeço estão presentes nas pinceladas de Frida. Em "Uns Quantos Golpes" de 1935, a artista simboliza um romance extraconjugal por meio do desenho de uma mulher ensanguentada e ferida a golpes de faca para mostrar que a traição também pode ser tão dolorida quanto uma facada Khalo e Rivera tinham na arte uma espécie de imã, que fazia com que os dois não se afastassem por muito tempo. O romance de Frida com o líder marxista Leon Trotsky, que chegou ao México com a ajuda de Diego, quase afastou de vez os dois, mas era uma chama difícil de apagar. Frida morreu aos 47 anos, oficialmente vítima de uma embolia pulmonar, e isso foi há mais de 60 anos. Então, como se explica esta Fridamania nos dias de hoje?

O jeito de pentear o cabelo, as roupas longas e coloridas, os autorretratos e a vida amorosa forjaram um símbolo da liberdade sexual, artística, amorosa e política que ultrapassou fronteiras. Frida pode ser inspiração para os músicos ingleses do Coldplay ou a nossa Adriana Calcanhoto. O gigante Google se rendeu ao charme da pintora e lançou um doodle (um esboço de desenho) em homenagem à mexicana. 

Khalo já foi até enredo de Carnaval com a escola de samba Viradouro no Rio de Janeiro. Nas ruas do Rio, por onde se olha, não é difícil encontrar um penteado. Frida Khalo é um mito e os mitos exercem uma atração que pode ser eterna.




Tailor Mouse

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